HISTÓRIA – Um dos 12 apóstolos, filho
de Zebedeu e irmão do apóstolo Tiago (Mt 4,21). Sua mãe Salomé era uma das
“santas mulheres” que seguiam a Jesus (Mt 28,56) e O serviam e assistiam com
seus bens (Lc 8,31). Seu pai era pescador no mar da Galiléia, e os dois
filhos ajudavam-no em seu trabalho (Mc 1,19-20). João foi discípulo do
Batista e era provavelmente um dos dois discípulos que João Batista apontou
Jesus como o Cordeiro de Deus (Jô 1,35-40), o que muito serviu para fazê-lo
conhecer Jesus e preparar-lhe o ânimo para a vocação definitiva nas margens
do mar da Galiléia onde com seu irmão Tiago foi chamado no mesmo dia em que o
foram Pedro e André (Mt 4,18-22); Mc 1, 15-20; Lc 5,10). As populações
ribeirinhas do mar da Galiléia se distinguem dos demais palestinenses por sua
natureza vigorosa e bom humor juvenil. Esta impetuosidade e veemência natural
dos dois irmãos provocaram o epíteto que lhes deus Jesus, chamando-os de
“filhos do trovão” (Mc 3,17).
João aparece entre os
doze, como apóstolo de primeira importância, e como “o discípulo que Jesus
amava” (Jô 21,20), título máximo e que indica que sua alma generosa e límpida
o orientava para a luz e para a verdade fazendo-o reconhecer prontamente o
Messias. Pertencia ao grupo dos três que Jesus costumava chamar para ocasiões
de importância especial, como a ressurreição da filha de Jairo, a
Transfiguração e a agonia no Jardim das Oliveiras (Mt 26, 37; Mc 5, 37; 9, 2;
14, 33; 17, 1; Lc 8, 51). Na Última Ceia ocupou o lugar próximo ao de Jesus
(Jo 13,23). Acompanhou de perto os sofrimentos, paixão e morte de Jesus, e a
seus cuidados confiou Jesus, nos últimos momentos, sua Mãe Santíssima. Foi
ele o primeiro a reconhecer Jesus ressuscitado na Galiléia (Mt 26, 32; Jô 21,
1-7).
Depois do Pentecostes,
vemo-lo como companheiro de Pedro nas pregações e o encontramos ainda em
Jerusalém por ocasião da visita de S. Paulo e essa cidade, após sua primeira
viagem missionária (At 15, 6; Gl 2,9), por volta do ano 57 e 58 d.C.
Calcula-se que entre 57 e 58 tenha deixado a Cidade Santa, pois na última
visita de S. Paulo não mais estava aí (At 21, 18). A tradição nos diz que se
transferiu para Éfeso de onde continuou a supervisionar as comunidades da
Ásia Menor (Apc 1,11), e que nos últimos anos, sua pregação se foi
simplificando e intensificando quanto à doutrina do amor cristão.
Acrescenta-nos ainda a tradição que foi atirado a um tacho de óleo fervente,
na perseguição de Domiciano (89-96) do qual saiu milagrosamente ileso, tendo
sido então exilado para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. De
Patmos ainda voltou a Éfeso onde escreveu 4 outros livros do Novo Testamento:
o quarto evangelho (Jo) e três epístolas (1, 2, 3 Jo). Foi o último Apóstolo
a morrer, e seu ensinamento, sempre muito acatado, constitui como que a chave
de ouro da missão e doutrina apostólica conferida por Cristo aos Doze.
Costuma-se dizer que com o Apocalipse se encerra a revelação do Novo
Testamento, por ser o último livro da Bíblia, mas não se confunda com o livro
escrito em último lugar que foi o Evangelho de S. João. Os escritos da Igreja
primitiva assinalam sua morte sob o reino de Trajano no fim do século
primeiro.
EVANGELHO DE SÃO JOÃO
A Boa Nova de Salvação
A última das quatro
narrações da vida e dos ensinamentos de N. Senhor, escrita pelo Apóstolo S.
João entre 98 e 100 d.C. Diverge sob muitos aspectos dos três evangelhos
sinóticos, tendo escrito para por em relevo passagens da vida de Cristo que
não tinham sido suficientemente expostas e que eram necessárias para combater
os novos erros que estavam ameaçando as comunidades cristãs. S. João tinha em
vista provar a divindade de Cristo contra gnósticos, e diz claramente: “a fim
de que creiais que Jesus Cristo, é o Filho de Deus, e crendo tenhais a vida
em seu nome”(20, 31). Como a fé estava correndo perigo também por causa dos
docetistas, que Cristo tivesse sido um homem real, S. João quis mostrar
também a humanidade de Cristo, além da filiação divina. Contra os tardios
discípulos de João Batista, provou que seu antigo mestre, o Precursor,
admitia a superioridade de Cristo, e contra os judeus, demonstrou o pecado
que cometeram negando-se aceitar N. Senhor. Enquanto os sinóticos contam os
acontecimentos da vida de Cristo com uma simplicidade adaptada aos iletrados,
S. João penetra na significação profunda de Cristo. O autor pressupõe que
seus leitores conheçam a parte histórica pela narrativa dos sinópticos, de
maneira de que se estende mais nos acontecimentos e sermões tratados
sumariamente por eles. Os sinópticos se ocupavam com o ministério galiláico
de N. Senhor entre o povo simples, ao passo que S. João se preocupa
principalmente com as lutas em Jerusalém. Desenvolveu os ensinamentos que
dizem respeito a própria pessoa de Cristo. Em lugar das parábolas da
Galiléia, conta os debates e as alegorias de Jerusalém e os conflitos com os
fariseus. Estando seu evangelho mais baseado em reminiscências pessoais do
que os outros, S.João deixou nele traços marcados de sua própria
personalidade, como tendência para a repetição, insistência na doutrina do
amor reverente sentido de mistério, e uma veemência e energia bem
características do “Filho do Trovão”. Por causa da sublimidade espiritual de
seus escritos, principalmente o Evangelho, o símbolo de S.João é a águia.
JOSÉ ORQUIZA – Ler, estudar
e conhecer,
é um meio de aprender.