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José Orquiza na Imprensa



Reportagen no Clube Nissei Melhor Idade
Exibida no dia 6/7/2008 na Rede Record





Reportagen na Folha de Londrina
Exibida no dia 27/1/2010

 
27/01/2010
Na ter­ra ver­me­lha do ca­mi­nho pio­nei­ro
A Estrada dos Pioneiros pode muito bem ser considerado patrimônio histórico do Norte do Paraná
Fo­tos: Fa­bio Ci­qui­ni
Na zo­na ru­ral, mui­ta poei­ra, plan­ta­ções de so­ja e, em al­guns pon­tos, aban­do­no
O ven­de­dor de vas­sou­ras Jo­sé Mar­cia­no en­cur­ta dis­tân­cia pa­ra aten­der clien­tes em Lon­dri­na e Ibi­po­rã
Sob o sol escaldante destas tardes quentes de verão, o vendedor de vassouras José Marciano, 53 anos, cruza os seis quilômetros de terra da Estrada dos Pioneiros, que liga Londrina a Ibiporã. É a rotina diária do homem que garante o sustento da família vendendo vassouras de palha nas duas cidades, utilizando a via que foi o primeiro caminho dos colonizadores da ''Pequena Londres'' como atalho para tocar o seu negócio, encurtando a distância da clientela entre os dois municípios.

Se o asfalto já tivesse coberto a terra vermelha da estrada seria melhor, afirma o vendedor, que não reclama do forte calor e do peso da mercadoria na garupa da bicicleta. Segue firme pelo caminho, suando a camisa.

A estrada que hoje é caminho de todos os dias do ''vassoureiro'' José pode muito bem ser considerada patrimônio histórico do Norte do Paraná. Em 21 de agosto de 1929, a caravana chefiada pelo jovem paulista filho de ingleses George Craigh Smith passou por ali.

Os homens que acompanhavam Smith também estavam com as camisas molhadas de suor, mas em vez de bicicletas usavam mulas e burros. Nas mãos levavam facões para abrir a picada que depois seria estrada no meio da mata fechada.

Pelo o que consta nos livros de história, também não reclamavam, mas nutriam o desejo de chegar logo na área de 515 mil alqueires comprada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP).

Os homens da caravana partiram de Jataizinho, que naquele tempo era a ''Colônia Militar Jatay'' e um dos poucos lugares da região onde pequenos rastros da república haviam chegado naquele começo de século 20. A travessia do rio foi de balsa para os homens e a nado para os animais.

Quando finalmente a caminhada dos pioneiros terminou, já à tarde, e o agrimensor russo Alexandre Razgulaeff disse convicto ''é aqui'', veio o alívio. O descanso foi regado à água fresca das três minas do Marco Zero de Londrina, que rendeu à cidade o primeiro nome de ''Patrimônio Três Bocas''.

Rota movimentada

Originalmente a estrada pioneira ia até onde hoje está a mata do Marco Zero, pertinho da Rodoviária, na Avenida Theodoro Victorelli. E até a década de 1960 foi o caminho oficial dos homens e mulheres que chegaram à cidade com sonhos e desejo de vencer na bagagem.

''Quando cheguei, em abril de 1949, de jipe, o caminho ainda era cercado de mato e era feito, praticamente, da marca dos pneus dos automóveis. A 500 metros da entrada da cidade, perto da antiga serraria da família Curoto, havia uma placa: 'Iguais a você existem 10.000''', relata o pioneiro José Orquiza, que deixou a fazenda na qual trabalhava o pai em São Sebastião da Amoreira para trabalhar em Londrina.

Atualmente, a estrada parte do jardim Santa Paula, em Ibiporã, perto da BR-369 - rodovia que ganhou asfalto entre os anos 1960 e 1970, e passou a ser o caminho preferencial de um município a outro -, e termina na Zona Leste de Londrina, no entroncamento com a Avenida Celso Garcia Cid.

No trecho urbano de aproximadamente dois quilômetros, que leva o nome de Avenida dos Pioneiros, já há asfalto, que vai até a Universidade Tecnológica Federal, recém-chegada à cidade.

Já na zona rural, sem asfalto, percorrido nesta semana pela reportagem, o que se vê ao redor é soja. De mata só restou pequena reserva de uma fazenda. A lavoura ''engoliu'' até lugarejos que já foram patrimônios, mas não engoliu a estrada. No horizonte, uma Londrina de muitos prédios. ''É interessante. Quando eu cheguei, o que se via era poeira'', comenta José Orquiza.

Às margens do caminho, entulho, lixo e até sofá abandonado. Sinais dos tempos e da urbanização que vai avançando. A prova é que o asfalto, depois de anos de promessas, parece que está perto de chegar no primeiro caminho para a ''cidade de braços abertos''.

A reportagem encontrou o pessoal do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER) fazendo as medições para o projeto que depois seguirá para a capital para os trâmites burocráticos. Enquanto isso, a prefeitura de Ibiporã segue na campanha para que a estrada ganhe pavimento e passe a ser, mais uma vez, rota movimentada.

Wilhan Santin

Fonte: Folha de Londrina


Reportagen na Folha de Londrina
Exibida no dia 27/3/2010

 
27/03/2010
Dengue não é uma simples gripe
Apesar das inúmeras campanhas de conscientização, os números só aumentam; quem contraiu a doença garante que os sintomas são terríveis
Fabio Ciquini
José Orquiza: ‘‘Não conseguia comer quase nada e a recuperação foi lenta’’
Uma das campanhas do Ministério da Saúde (MS) que diz ''A dengue mata'' parece que não está sendo levada a sério pela população. Pelo menos é o que os índices da Vigilância Epidemiológica de Londrina mostram. Somente nos três primeiros meses deste ano, 155 casos foram confirmados; 50 a mais que em todo o ano de 2009.

Ainda que apenas um óbito tenha acontecido na cidade, não é motivo para banalizar a doença, já que não se trata de uma simples dor de gripe, como muitos pensam. É uma doença séria, que mata, sem escolha de classe social, idade ou sexo. E, mesmo assim, grande parte da população não parece estar preocupada e desafia a sorte, alimentando criadouros debaixo dos olhos. O que confirma isso são dados da Vigilância que revelam que 52% dos criadouros em Londrina forma encontrados nos quintais e 26% dentro das casas.

Diante da constatação, uma coisa é fato: quem teve a doença sabe bem do que se trata e garante não querer passar pela situação novamente. A dona de casa Arlete Carrilho dos Santos, 50 anos, ficou doente em fevereiro deste ano. Ela lembra que antes de contrair a dengue, não tinha ideia do que era. ''Ouvia as pessoas dizerem sobre mal-estar, mas nada chega perto do que passei'', diz. Mal-estar que foi piorando ao longo do primeiro dia de sintomas. ''Começou com um cansaço, que foi se tornando uma dor de cabeça e, em seguida, tomando o corpo todo. Doía tudo, cada ponto do meu corpo, não conseguia nem andar.''

Não bastasse a forte dor generalizada, ela conta que não conseguia abrir o olho por causa da ardência. ''Ao mesmo tempo, ainda apareceu uma febre que não diminuía e o corpo coçava inteiro. Tinha várias manchas vermelhas espalhadas'', conta Arlete. ''Se fosse comparar a uma gripe muito forte, diria que senti, no mínimo, o dobro de dor. Foi horrível, achei que iria morrer.''

Sem forças

Depois de nove dias internado por causa da dengue, José Orquiza, 84 anos, enfim, respira aliviado ao lado da esposa de 80 anos, que também ficou doente no mesmo período. Em casa há uma semana, ele lembra que tudo começou com uma fraqueza e vontade de permanecer deitado. Ele foi a uma hospital e deu início ao tratamento de uma virose. ''Mas os dias passaram e nada de melhorar.''

Já com dificuldade para comer, a febre e as dores no corpo iam se agravando. ''Foi quando resolvi ir ao hospital novamente e, então, diagnosticaram que era dengue.'' Orquiza diz que, durante o período em que ficou doente, emagreceu cinco quilos. ''Não conseguia comer quase nada e a recuperação foi lenta.'' Questionado sobre o medo, ele não hesita em falar: ''Não quero mais saber de passar por isso. Coloquei telas nas janelas de casa, tirei todos os vasos do jardim e passo repelente diariamente'', enfatiza.

Com um bebê de apenas quatro meses, a funcionária pública Adriane Aparecida Sita, 40 anos, foi outra vítima do mosquito implacável, em fevereiro deste ano. Segundo ela, o primeiro sintoma foi a febre. ''Logo em seguida já começaram as dores e várias manchas no corpo. Tive uma queimação nas pernas que doíam somente de colocar o pé no chão. Meus olhos também latejavam demais'', relata Adriane.

No mesmo dia foi ao hospital e deu início ao tratamento. ''Fique dois dias internada, pois estava muito debilitada e desidratada. Depois, foram mais duas semanas em casa.'' Passado o susto, ela comenta que hoje sabe o que é a dengue. ''Não é uma coisa boba como as pessoas pensam; é terrível. Hoje eu digo para todos: não queiram passar por isso.''

Marian Trigueiros

Fonte: Folha de Londrina