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Festa de Aniversário
dos 79 anos de vida
de José Orquiza

17 de Julho de 2005

Comemorado no Salão de Festas do
Condomínio Fechado Vale do Arvoredo

 

Aos meus filhos e filhas

 

Eu quero lembrá-los de que o tempo é implacável, tudo passa, já beirando os meus oitenta anos, não sou o mesmo e peço que tenham paciência comigo e também compreendam as minhas dificuldades. Atualmente eu estou fazendo a comida para a mãe e para o Fernando, parece que eu recebi esse dom de minha mãe. Aos domingos eu tenho de melhorar o rancho, porque já é de praxe os filhos, os genros, noras e netos virem almoçar em casa, isso nos causa muita alegria.

Eu sei que quando vocês conversarem comigo, vão notar que sempre vou repetir as mesmas histórias, que eu sei que vocês sabem como terminam, ainda me lembro quando vocês eram pequenos, para que vocês dormissem tive que contar muitas vezes a mesma história até que vocês fechassem os olhinhos.

Daqui a pouco tempo vocês vão me ver um velho inútil e ignorante na frente das novas tecnologias que já não poderei entender, eu peço que me dêem todo o tempo que seja necessário, e que não riam de mim com aquele sorriso de caçoada.

Hoje acontece que as vezes estou conversando, eu me esqueço do que estava falando, espero que tenham paciência e me ajudem a lembrar. O que importa para mim naquele momento seja o fato de ver vocês perto de mim, e não o que falávamos.

Quando minhas pernas falharem por estarem envelhecidas e cansadas, e eu já não conseguir mais me equilibrar, com ternura, dêem-me as suas mãos para me apoiar, como eu fiz quando vocês começaram a caminhar com as perninhas ainda tão frágeis.

Pode acontecer que um dia vocês poderão ouvir dizer que eu não quero mais viver, peço que não se aborreçam comigo. Algum dia vocês vão entender que isto não tem a ver com o carinho de vocês ou com o quanto eu amo vocês.

Vocês todos devem compreender o quanto é difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo, e que é duro admitir que não tenho o vigor para correr ao lado de vocês, ou para pegar vocês em meus braços como antes, saibam o que ainda posso fazer é rezar todos os dias pedindo a proteção, porque sempre quis o melhor para vocês e é um desejo de pai, para que o mundo seja mais confortável, mais belo, e mais florido para seus filhos.

Vocês não fiquem tristes por me verem assim. Peço que não tenham dó de mim, eu quero apenas o coração de vocês, para que compreendam e me apoiem como fiz quando vocês começaram a viver. Isso é o que me alegra e dá coragem.

Da mesma maneira que eu acompanhei vocês no início de suas jornadas, peço que me acompanhem para terminar a minha. O final da vida se aproxima, o que peço a vocês todos é amor e muita paciência, eu devolverei para vocês sorrisos e gratidão, com o mesmo amor que sempre tive por vocês.

 

José Orquiza

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